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"Bom, agora eu morri. Mas vamos ver se eu renasço de novo. Por enquanto eu estou morta. Estou falando do meu túmulo".
Clarice Lispector


Queria que Clarice fosse minha amiga, ela parece ser daquelas que a gente olha a primeira vez e vai se acostumando aos poucos, e cada nova descoberta lhe traz uma afinidade até então escondida. Eu saio com as impressões que reuni depois de ler sua última entrevista, é no mínimo uma "mera coincidência" perceber como algumas respostas cabem tanto no momento em que me encontro.
A vida sempre foi pra mim uma coisa assustadora, mas parece que é feio falar das coisas que não se encaixam, é feio falar que a vida não está e nem nunca foi uma coisa fácil de lidar, as pessoas te olham com censura, e ninguém deve ser triste, o sorriso no rosto deve ser o cartão de visitas, falar que derramou umas lágrimas pelas coisas desimportantes, você fica rotulado para sempre de uma pessoa depressiva e desanimada.
Talvez a Clarice não olhasse com censura porque andei me cansando de mim, que certas coisas me embrulham o estômago, que o meu cansaço acumulado de viver me deixa doente e sem ânimo. Mas admiro quem se abre pra vida, quem se abala e consegue seguir em frente.
Viver é um presente, eu sei, todo mundo sabe. Eu é que sou deficiente na minha falta de vocação pra viver.

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