Postagens

Mostrando postagens de 2020

11

O par de números iguais representam pouco mais de uma década em que sigo registrando esse poço profundo de ser eu mesma, pré-sal de emoções genuínas sem muito êxito nas interpretações, hoje na versão colcha de retalhos que fui costurando ao longo do tempo, visualmente não é agradável aos olhos, são aqueles pedaços onde eu fui cortando e me desfazendo pra poder remendar algum canto até ficar com aparência de "inteiro". Eu já fui tantas pessoas que tenho medo de esquecê-las, é uma sensação estranha de não poder desprender elas de mim, como se fosse um lembrete, engenheiras das estradas por onde sigo caminhando, mas ainda não consigo fechar os olhos e só seguir. Vez ou outra o sentimento de não mais saber escrever aqui me invade, é terrível. Aí basta eu abrir o editor de texto que todos os meus insights reaparecem, estou aqui e não vou embora, eu prometo.

Isso aqui ainda é o meu lugar de paz

Ainda consigo encontrar conforto nas linhas que escrevo, talvez eu seja apenas um fragmento mínimo da pessoa que era quando comecei a registrar minhas agonias aqui, o meu lugar de paz tem audiência, mas isso não me abala, por mais que as vezes me dê a sensação de nudez não consentida, porém sentida com cada pelinho do meu corpo. A pandemia revelou meu novo (a)normal, ela sempre esteve comigo, ignorá-la é exaustivo. Tenho dois papéis timbrados provando que não sou tão burra assim, não sei explicar nem pra mim, porque de alguma forma eu teime em acreditar que minha cabeça é só um campo vazio e se tento abrir pra enfiar qualquer coisa ela vai explodir. Eu não sei mais de nada, nem o reconhecimento tardio me traz conforto, pedidos de desculpas, o que eu fui há três, dois anos atrás, ficou tudo lá... nesse tempo perdido, parece que eu estava vivendo por antecipação os acontecimentos de agora, não tenho como gastar uma coisa que já vivi, de novo antes da hora. Nunca tive vocação pra ser boa

Sangrando.

 Eu sempre me vejo sangrando. Eu sangrei quando tu se sentiu enojado por te mostrado o meu amor. Sangrei quando eu quis achar segurança em quem não podia me dar nada além de traumas que os anos acumularam. Sangrei mais um pouco quando me disseram "não" uníssono, quando eu só queria provar pra mim mesma que podia... Continuo não controlando as voltas que a vida dá, que a posição onde me encontro é a que preciso estar. Eu sou um fio interligando uma coisa muito maior. Não sei explicar. Mas pra mim faz sentido. Acordei no meio da madrugada com esses versos me chamando. Chorando de olhos abertos porque o sono me abandonou.

-

* O tempo é o meu disfarce com um chapéu e não melhora porque os dias passaram...  Escondi em mim a dor que fiz de tudo pra não doer naquela hora. *

Se choveu em junho a culpa foi da minha tristeza

Hoje é o último dia do mês de junho de 2019, dos três anos anteriores esse tem sido o pior. Porque eu fico olhando pras minha vivências, aparando arestas, lidando com problemas novos e velhos, faz parte do nosso viver o eterno resolver de coisas, me apego em pessoas com predisposição a me fazer mal, talvez pra me distrair da pacatez da vida que eu levo. Os ventos de junho não me derrubaram, mas a chuva carregou em suas gotas cada pedaço da minha tristeza, aquele sentimento de incerteza me encontrou depois de anos escondido debaixo do tapete, eu estive brigando com alguém pra dar um amor que não quer receber, eu estive lutando pra mudar meus comportamentos de uma vida inteira, eu atraí cada coisa ruim que aconteceu com meu pensamento forte "vai dar merda", eu me esbaldei no papel de vítima, procurei me convencer que na maioria das situações infelizes, fui eu quem procurei, por que preciso me conformar: não vou ter tudo. Na maioria das vezes, não vou ter nada, o meu olho foi

A memória que fez casa em mim

O hábito de relembrar nunca me abandona, as vezes não é por saudade... a visão de lembrança não perdoa, nem me cega a ponto de deixar de ver a construção realizada com a matéria prima de todos os resquícios, dia desses eu saquei o celular do nada pra te mostrar uma coisa pra gente achar engraçado juntos, foi aí onde me dei conta, não importa se os vínculos tenham sido quebrados, as memórias fizeram uma casa dentro de mim, e todas as besteiras, brigas, momentos bons, ruins, lá se acumulam em pilha, separados por ordem alfabética. Eu lembrei de outra coisa também, há dois anos se criava um puxadinho de lembranças, mas essas eu soterrei, ressignifiquei alguns papéis e tem dado certo, por mais incrível que pareça. Em se tratando de você, o ponto negativo é que tem tão pouco tempo, não dá pra avançar as cenas como se fosse um filme, seria ótimo caso eu só pudesse. Se você fosse uma memória morando em alguém, duraria dois meses ou dois anos?