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Talvez todo esse desespero exacerbado e latente que trago no peito seja pela procura, os calejados pés já percorreram caminhos que não me fizeram sair do lugar, me vi andando em círculos ao final de cada jornada, a conclusão foi a mesma: eu não pertenço a nada, nem a ninguém.
A cidade quente onde nasci e me criei jamais pode me dar o acolhimento que sempre precisei, não culpo a cidade, mas as coisas são do jeito que são, não adianta me revirar em pensamentos que tragam essas justificativas.
Preciso quebrar muros, esses muros que só eu enxergo dentro de mim, a impressão é que eles estão crescendo a cada dia, tenho medo de ser engolida, preciso me libertar, pra enfim pertencer a algum lugar, a quem quer que seja.
Os abrigos oferecidos não são permanentes mas aliviam, me dou ao luxo de me esconder uma vez ou outra, queria poder aproveitar mais vezes, só faço uso deles em caso de extrema urgência. 
Fico lisonjeada com os esforços feitos pra que eu me sinta minimamente confortável, meu coração se torna um fardo por não saber corresponder a altura.
Tenho consciência que essa falta de estrutura em ser feliz nasceu junto comigo, ter que reafirmar pra mim mesma que a felicidade é palpável e possível, é um exercício que na maioria das vezes me dá indisposição.
Na verdade eu devia parar de ser tão rígida, me dizer coisas que me confortem, me estender a mão e não soltar nunca mais desse meu eu descuidado, não vou me blindar, nem cumprir as promessas ridículas que andei fazendo, não quero mais carregar as coisas ruins.
Quem sabe um dia, quando eu parar de abraçar o drama, a vida possa ser finalmente um lugar mais leve.


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