Que noite 05.06.13
A quarta-feira passada vai ser para sempre um dia especial, até quando eu ficar velhinha espero que a memória não me falte mesmo se já for a hora. Fui ver a palestra do Fabrício Carpinejar a possibilidade saltava aos olhos só com as notícias de que finalmente ele viria, fui como fâ com a expectativa de apenas absorver ao máximo tudo que ele tinha a dizer, fui desarmada de todos os acessórios imprescindíveis de fâ: sem máquina fotográfica, sem livro, sem ser bloquinho e caneta não levei nada, apenas minha admiração e ansiedade.
Pra começar cheguei atrasada e aflita com medo que já não houvessem ingressos à disposição, com o pensamento da minha marca registrada, "se for pra ser vai ser". Ao chegar no teatro a primeira fila já estava ocupada, só me restava uma única cadeira vazia na segunda fila, no cantinho perto do palco - melhor que o fundão com certeza!
Eis que ele surge no meio das pessoas, acessível, atencioso, e atrapalhando a cantora lírica que se apresentava, só lamentei a falta dos meus acessórios, queria chegar perto dele e só pedir um abraço me daria por satisfeita...
Enfim a palestra teve início, boas histórias, bom humor e muitas risadas, é o Carpinejar estava ali, a rodada de perguntas foi aberta, fiquei tentada a fazer uma pergunta, mas tive receio de parecer boba demais, ou perguntar aquilo que todo mundo já estava careca de saber, reprimi a vontade, na última pergunta alguém o questiona sobre o seu mais recente trabalho - Espero Alguém, recém lançado e indisponível nos livreiros do evento, ele foi categórico: "Vamos sortear!"
O quesito sorte já me deixava há um oceano de distância dos demais... não tinha a menor possibilidade de levar, vários métodos de sorteio foram sugeridos, mas por alguma força divina o Prof. Wellington Soares teve a brilhante ideia de dar o livro pra quem soubesse algum verso do Carpinejar, por um segundo o silêncio venceu qualquer burburinho, olhei pros lados e ninguém havia levantado os braços - a oportunidade era pra mim, só pensei nisso e ergui o braço, com a esperança de ninguém ter visto.
Fui a chamada a subir no palco, pegar o microfone e declamar os versos pra uma platéia de mais de 800 pessoas, gelei, suei frio, tremi, e acionei o piloto automático, é claro que deu um branco, só lembrei de uma frase que foi a primeira leitura de Carpinejar na minha vida, eu tinha escrito o verso há bem pouco tempo num pequeno pedaço de papel enquanto testava uma das novas canetas da minha irmã, "Liberdade na vida, é ter um amor para se prender". A intriga da oposição achou injusto, mas no fim das contas não tive com quem concorrer.
O prêmio chegava a mim pelas mãos do Carpinejar, com um beijo e um abraço, mas ele achou que o livro merecia ser autografado, me pediu que eu o acompanhasse, com toda calma me guiou até sua poltrona e perguntou meu nome, por uns dois segundos olhou profundamente nos meus olhos e disse que tenho uma tristeza alegre nos olhos, o indaguei, ele só reforçou o que havia dito, enquanto me lançava um sorriso terno, com sua caneta me dedicou o livro, o abracei novamente, me desejou muito mais daquela sorte pra minha vida.
Desci do palco incrédula, será que aquilo realmente tinha acontecido? com uma exatidão matemática onde eu era o resultado de uma soma de fatores, e maior beneficiada. Mesmo se eu não tivesse ganhado nada, me daria por satisfeita só pela boa história, que agora eu tenho pra contar.
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Primeiro item da minha herança, Obrigada Carpinejar! |
P.S: Fui sozinha pra palestra, logo não tenho fotos do acontecido.
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