Da nossa última...

Um cara com nome de anjo, uma infância paralela, números trocados por engano.
Que tu já me pôs no colo um dia, mas não lembro pela pouca idade pra discernir os fatos, ligar pra um número do qual não era o destino foi a melhor coisa que já aconteceu, posso atribuir ao fato – a melhor coisa que já me aconteceu na década passada.
A voz já era conhecida e eu preferi aderir a incredulidade da coincidência que por um mês foi feliz, a gente se conheceu de conversa, de gosto, de muito papo furado pra gastar nas noites de dezembro e janeiro, de ansiedade pra arrancar o que podíamos nos oferecer um ao outro, fomos amigos, amizade pintada, não amizade colorida com intenções de evolução pra romance, na minha adolescência conturbada e na tua recém chegada a idade adulta nunca pareceu ser problema pra nos darmos bem enquanto amigos.
Eu lembro desse tempo bem pouco hoje, mas o “acontecimento do ano” ativou as minhas memórias adormecidas, daquelas que a gente esconde e finge não existir e em horas como essa aparecem, pra perceber que tudo sempre esteve lá – guardado com correntes, cadeados, que toda essa proteção não serviu absolutamente de nada. Me sinto revirando escombros.
Ter notícias suas aqui ou ali jamais me fizeram mal, talvez porque fosse confortável pra mim saber que ele ainda estava no mesmo endereço, fazendo as mesmas coisas, convivendo com as pessoas de sempre, quase intacto, feito aquele tempo.
Mesmo que a sua participação já tenha se encerrado na minha vida, eu me permiti de verdade me abalar, porque apesar dos pesares ele foi importante e em nome dessa importância que eu depositei saco dessa conta todo o constrangimento de enxergá-lo com outros olhos, anel na mão esquerda, a benção do padre, a tua cara de felicidade no altar.
Desse devaneio eu passo, e te desejo: A felicidade.


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